Rafael Frota, Product Designer Specialist @ Stone
🎟️ Pack Lead, Ed. 34 @ 2025
🚨 Esta edição da PackLead está aberta para todos como um oferecimento da UserGuiding.
E por falar na UserGuiding, quero aproveitar o momento para fazer um convite. No dia 19 de novembro, às 19h, eu e Mariana Santana vamos conversar sobre a importância do onboarding de usuários e o que esperar em 2026.
Nesse webinar, vou compartilhar muito do que vivi no Nubank ao criar, junto com o time de Growth, a experiência de onboarding de mais de 70 milhões de clientes, um trabalho que nos fez conquistar duas vezes o prêmio de Melhor Onboarding do Brasil pela idwall.
Se você quer entender o que muda, o que permanece e como criar experiências de onboarding realmente eficazes, se inscreva aqui: UserGuiding Webinar
Vai ser muito bom te ter lá com a gente!
👉 Rafael Frota
Product Designer Specialist, Stone
Nesta edição da PackLead, conversamos com o Rafael Frota, Product Designer Specialist na Stone e editor do UX Collective Brasil. Além disso, o Frota é um grande designer que eu queria há tempos trazer para a Pack. 🧡
Com mais de uma década de experiência, Frota acredita que o papel do Product Designer vai além do digital e está em garantir uma experiência uniforme em todas as frentes do produto. É movido por curiosidade, investiga causas e gosta de se envolver em todas as etapas do processo, da análise à experimentação.
Na entrevista, Frota fala sobre as decisões por trás da escolha de seguir como contribuidor individual e sobre como cultivar intuição, paciência e competência ao longo da carreira. Uma leitura leve e sincera sobre amadurecimento e propósito na trajetória como designer.
🎙️ Como foi o processo de tomar a decisão entre ser um contribuidor individual ou buscar a carreira de gestão? O que você levou em consideração para tomar essa decisão?
Antes de tudo, queria agradecer demais o convite! Te admiro muito, Kakau!
Bom, eu decidi estar — não ser, porque nunca diga nunca, né? — como contribuidor individual (ou especialista) por dois motivos: paciência e competência.
Paciência, porque você mal atinge a senioridade e a gestão já é incentivada. Lideranças, no geral, não querem que você conclua seu nível atual, e sim que chegue logo ao próximo. Qual é a graça de um jogo se não dá pra aproveitar a fase? É como se a contribuição individual fosse algo que se faz apenas por obrigação. Como se fosse um caminho de transição, mesmo que meia-boca, para finalmente poder ir pra gestão. Não é.
E competência, porque acredito que a gestão necessita muita, muita (muita) responsabilidade. Não consigo tratar como algo trivial e sinto que ainda não estou preparado, e ninguém deveria sentir culpa por isso.
Cheguei a ouvir que estava “fazendo burrada de recusar oportunidades”; e que “os melhores gestores são aqueles que não querem ser”. Isso te confunde, te deixa inseguro. Sou enviesado, mas acho que é preciso muito mais coragem para seguir uma trilha de especialista do que de gestão. Justamente pela gestão ser vista como “o caminho natural”.
Eu (assim como acredito que a maioria das pessoas) ama fazer as coisas com calma, sem pressa. Quero que meu trabalho seja mais uma dessas coisas. Pressa pra quê? Sinto que ainda tenho muito a aprender; quero me tornar um bom especialista. Pra mim mesmo.
🎙️ Você tem uma ideia clara de qual é a distinção entre os níveis de sênior e lead? Como você endereçou essa diferença para tornar-se uma líder?
Vejo duas diferenças claras. Uma prática e outra mais subjetiva.
A prática é a “abrangência”, o alcance. Senior são locais. Staffs são globais. A atuação e impacto de staffs e especialistas geralmente têm mais verticalidade, um lastro maior. Precisam navegar entre mais setores, times, pessoas e projetos. Uma pessoa sênior geralmente está mais focada em um projeto e/ou time.
A subjetiva é a confiança. Você simplesmente confia mais numa pessoa staff. Seja pra entregar resultados quanto pra tocar projetos. Ela é mais previsível, dá visibilidade. Ela se vira.
No meu caso (que não faço ideia do quão padrão é), eu não enderecei intencionalmente! Acabava que, pelo meu perfil, eu faço (e gosto) de fazer essa ponte, articular, estar por dentro dos projetos, pessoas, etc. Então, acabou que, quando vi, já estava como um ponto focal.
🎙️ Para os designers determinados a permanecer na carreira de contribuidores individuais, quais são as habilidades mais importantes que eles devem aprender além das habilidades técnicas?
Tomada de decisão e intuição.
Você não só precisa decidir, mas saber decidir e, geralmente, decidir rápido. Então, vai precisar otimizar ao máximo os caminhos pra isso: onde coleta dados do usuário de forma rápida? Quais princípios te guiam? Quais alavancas você geralmente quer mexer?
E intuição porque, ao se tornar staff você está no mato sem cachorro. Sentir necessidade da bênção da sua liderança a cada movimento é um sinal de insegurança. E sabe como você ganha segurança? Decidindo. Devemos encarar decisões como um exercício de intuição.
🎙️ E de que maneiras você pratica e aprimora suas habilidades técnicas à medida que avança? Quão importante é manter suas habilidades técnicas afiadas?
Liberando tempo e de forma incremental.
Acho que se engana quem pensa que sempre dá pra aprimorar novas habilidades técnicas no trabalho. O padrão é que os projetos não peçam as habilidades que você quer colocar em prática. Então, você vai se virando como e quando dá.
Mas, se conseguir fazer com que o processo garanta que você vai praticar (ex: decidindo de antemão o que quer aprimorar e bloqueando a agenda), as chances são maiores.
E, claro, lembrando que, se for fazer isso somente em dias úteis, não vai dar pra praticar muito. Tem que ser incremental e intencional. Se quiser dar um boost, pode ser melhor usar finais de semana ou trabalhar em projetos paralelos.
🎙️ Como você se mantém atualizado sobre as tendências e novas tecnologias na área de design? Você tem alguma fonte de inspiração específica?
No meu caso — como editor do UX Collective Brasil — acaba sendo fácil. Estou sempre em contato, seja recebendo essas novidades passivamente ou buscando por elas ativamente. E isso é bom e ruim.
Hoje entendo melhor por que pessoas mais sábias da área (Felipe Memoria, por exemplo) falam sobre buscar inspiração em outros locais: arte, cinema, filmes, vida. Acabei percebendo que a melhor fonte são as pessoas. As trocas de ideia, o cafézinho, a fofoca pós-evento. É no outro que nos descobrimos e descobrimos sobre a vida, o mundo…
🎙️ Como você equilibra a necessidade de inovação, a entrega de resultados tangíveis e a necessidade de criar e sustentar influência nos times no seu dia a dia?
Equilibro?! Eu? rs
Acho que a palavra-chave tá na pergunta e é: dia a dia. Não sei. Tenho a impressão de que tá todo mundo na exaustão, então, qualquer mínimo de inovação, resultado ou exemplo que você traz, já é bem-visto, já é um ato de revolução. Talvez se divertir um pouco seja outra forma de equilibrar isso tudo. Sem tesão, não tem inovação.
🎙️ A carreira de gestão possui uma trajetória de crescimento muito clara em termos de cargo e escopo. O trabalho de alto nível na carreira de especialista individual (IC track) parece ser menos claro. No que você se vê trabalhando daqui a 5-10 anos?
Trabalho não falta, e nunca vai faltar. Minha visão é de especialistas se dividindo em duas frentes: a SWAT e a orquestradora.
Na SWAT, vejo especialistas atuando em cenários onde é preciso avançar rápido, testar apostas, etc. Ou seja, são equipes “apartadas” que são totalmente autônomas e têm um objetivo de estar em frentes de inovação porque são feitas de pessoas de excelência.
Na orquestradora, especialistas são quem ajudam todo mundo não só a avançar, mas avançar na direção certa com o maior nível de eficiência e qualidade. Vejo muita mescla com DesignOps. A diferença acredito que seja na senioridade e conhecimento da empresa, cenários, estratégia, etc.
Já pessoalmente, apesar de quase sempre estar no SWAT Team, acredito que estou mais pra orquestrador.
📦 Agora é a sua vez de mentorar: Qual o conselho que você daria para alguém que tem interesse em seguir o caminho que você escolheu?
Massa! Eu diria pra, antes de tudo, não ter pressa. “Não ter pressa? Nessa economia?”, sim, soa loucura mesmo. Mas acho que acabamos criando uma escassez onde não tem. Como se você não fosse pra gestão agora, você nunca mais fosse conseguir… Calma.
Em alguns casos, é possível conversar com sua liderança e ver se é possível assumir ou se envolver de forma controlada em algumas atividades de gestão. Assim você pode ir colocando o pé na água pra ver se é realmente o que você quer, antes de se comprometer completamente. Claro que não é algo viável em todo lugar, mas vale a conversa.
Outra coisa é entender seu momento de vida. Você está num momento bom pra assumir mais e novas responsabilidades? Acha que daria conta ou atrapalharia? Quais pratinhos cairiam? O que precisaria acontecer pra que essa transição fosse feita da melhor forma? Não existe momento perfeito, mas existe momento favorável, sim.
Como falei antes, no fim do dia, vai cair pra intuição. Você vai saber diferenciar se é insegurança e medo com o novo desafio ou porque realmente não é o que você quer. Se escute.
⚒️ Recursos:Indique artigos, livros, vídeos ou podcasts que você acha que vale muito a pena?
Nossa, sou péssimo nisso. Vou me arrepender assim que terminar de escrever. Mas vamos lá:
Livros: qualquer ficção. Sério. Dê um tempo de livros técnicos ou desenvolvimento pessoal. Vá ler Capitães da Areia, Matéria Escura, Jantar Secreto, ou até mesmo quadrinhos como As Sereias de Haarlem. Qualquer coisa, eu te imploro.
Vídeos, tem dois que assisti recentemente que acho que valem recomendar:
Bret Victor - Inventing on Principle. Foi uma recomendação do Fabricio Teixeira, e, uau… É uma daquelas palestras que reacendem a chama. Definitivamente um vídeo de 13 anos atrás, e, estamos precisando um pouco de nostalgia, né.
Overcome imposter syndrome and accelerate your career. Um papo de 1h com Julie Zhuo que passa voando. Ela comenta sobre essas inseguranças na carreira, e Lenny é um ótimo condutor.
👉 Artigos:
Liderando pelo craft — uma série sobre caminhos de carreira em design. Traduzimos essa série (obrigado voluntários) do UX Collective em inglês e, acho que é um dos primeiros e principais recursos sobre carreira para contribuintes individuais. São entrevistas com profissionais como Abby Covert, José Torre, Kim Bost e mais. Vale demais a pena.
Hey designers, they’re gaslighting you. Esse foi um dos textos que mais continuaram comigo quando li — tanto que fui obrigado a traduzir para o português. Sara nos acalma e reforça que “Muitas empresas convenceram designers que designers são o problema — que se trabalhassem mais, as levariam a sério. Mas se fazer mais resolvesse o problema… ele já estaria resolvido.”
Staff Design. Outra série de entrevistas com staffs, criado pelo Brian Lovin, um dos designers que mais admiro (Github, Spectrum e atualmente no Notion). Recomendo demais acessar a página de Resources também.
Foi? Se quiserem alguma recomendação específica, me chamem pra conversar que aí os links veem mais fácil haha
Brigado de novo pelo convite, e espero que essas poucas (rs) palavras, tenham ajudado alguém :)
Encontre Rafael Frota no LinkedIn, no Instagram, no Substack do UX Collective e, claro, no gigante UX Collective Brasil.
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Esta é uma edição paga da Pack Lead, produzida especialmente para membros como você, que apoia a nossa curadoria de conteúdo quinzenal. Esperamos que você aprecie o conteúdo desta edição e continue acompanhando nossas próximas publicações. 💚
Obrigada por acompanhar essa entrevista.
Aos novos inscritos, sintam-se em casa.
Um grande abraço!
Kakau

