Você já ouviu falar na Teoria da Janela Quebrada?
Se não, deixa eu te explicar rapidinho.
Em 1969, o psicólogo Philip Zimbardo conduziu um experimento relativamente simples. Ele abandonou dois carros idênticos: um, já danificado, foi deixado no Bronx, um bairro mais vulnerável de Nova York. O outro, em perfeito estado, foi deixado em um bairro mais calmo na Califórnia.
O resultado? O carro do Bronx foi rapidamente destruído por quem passava por ali. Já o segundo carro permaneceu intacto por vários dias. Até que o próprio Zimbardo quebrou uma de suas janelas. A partir daí, o que aconteceu? O carro começou a ser vandalizado também, até ficar tão destruído quanto o primeiro.
Sabendo desse comportamento, na década de 90, o ex-prefeito de Nova York, Rudy Giuliani, resolveu usar o sistema contra ele mesmo. Sua política de segurança priorizou o combate a infrações menores, como pichações e pequenos atos de vandalismo. A gestão passou a cuidar dos pequenos problemas diariamente, deixando o ambiente menos caótico e diminuindo a percepção de desordem. O resultado foi impressionante: os índices de violência começaram a cair drasticamente.
A explicação para esse efeito é simples. Ao cuidar dos pequenos problemas, o ambiente muda. E, quando o ambiente muda, o comportamento das pessoas também muda. Do mesmo jeito que o caos se espalha com uma janela quebrada, a organização se espalha quando o ambiente transmite cuidado e ordem. O ambiente molda o comportamento.
E, por incrível que pareça, isso tem tudo a ver com design também. Ao lidar com um produto que carrega pequenos descuidos, como textos mal escritos, botões desalinhados e ícones mal elaborados, as pessoas tendem a ser mais negligentes com tudo que vem depois. Elas sequer se sentem motivadas a tentar algo diferente.
O sentimento generalizado de “depois a gente arruma” gera desmotivação e uma sensação de que não vale a pena ter zelo, já que tudo parece estar fora de ordem. E, desse jeito, vamos deixando para amanhã as melhorias que deveriam ser feitas hoje.
O cuidado com uma entrega é necessário desde o primeiro momento. Não só pela qualidade do que você entrega, mas pelo efeito que isso provoca na organização como um todo.
Seus colegas também são impactados pelas escolhas que você faz no dia a dia. Quando você negligencia uma entrega hoje, o efeito borboleta disso pode ser um ambiente extremamente caótico no futuro. Um conjunto de más escolhas reverbera em um produto ruim, difícil de usar e incapaz de gerar orgulho.
Minha sugestão é que você pense nas suas entregas com cuidado. Faça entregas das quais você se orgulha. Isso é um sinal de respeito por você mesmo e por quem trabalha ao seu lado.
Como diria Varun Parmar, CPO do Miro: "We needed a way to help teams build a strong sense of what is good enough. One of the product leaders came up with the ‘Mona Lisa principle’. Simply put, everything we ship should be like a Mona Lisa painting, something we’d be proud of putting our name on."
É com esse tipo de entrega, que carrega orgulho e intenção, que se constrói um ecossistema verdadeiramente comprometido com a qualidade.
🗂️ Liderança
"Managing Up" é um termo comum em grandes empresas, mas construir esse tipo de relação pode ser desafiador. Neste artigo, a autora defende que essa prática se baseia na construção de confiança, que se fortalece com encontros regulares, boa comunicação e a inclusão dos gestores nas decisões estratégicas.
Why high performers make assertions
Neste artigo, Wes Kao aborda o comportamento típico de profissionais de alta performance. Segundo a autora, bons profissionais são consistentes e assertivos (lembrando que assertividade não tem a ver com estar certo, hein?). Ou seja, fazem declarações claras, positivas ou negativas, das quais assumem total responsabilidade. Ser enfático envolve tomar um posicionamento, propor ações e se comprometer com os resultados.
Liderar pela linha de frente significa estar presente onde as coisas realmente acontecem, o que gera aprendizado direto, impulso para agir e inspiração para o time. Para isso, é preciso estar disponível, saber coordenar ações, manter postura calma e determinada, e garantir o acompanhamento após a crise. Líderes que fogem da ação, culpam os outros ou somem nos momentos difíceis perdem credibilidade e desperdiçam seu impacto.
🗂️ Negócios
Estratégia não é uma lista de tarefas ou metas ambiciosas, mas a identificação clara de um desafio crítico e um plano coerente para superá-lo. O texto explora princípios práticos como simplicidade, coordenação, enfrentamento de verdades difíceis e foco. Pensar estrategicamente exige disciplina, escolhas e exposição constante a diferentes padrões de decisão.
Design Assimilated Into Business
Neste artigo, Natasha Jen afirma que o design não morreu. Ele foi engolido pelo mundo dos negócios. Ela provoca ao dizer que a perda de força crítica e expressiva não deve ser vista como um fim, mas como um ponto de recomeço. Um convite para que designers resistam e resgatem seu verdadeiro poder: construir realidades e moldar significados.
🗂️ Bônus
Why Side Projects Should Be Stupid
Van Schneider defende que side projects devem permanecer estúpidos, ou seja, simples, livres de pressão e guiados pela curiosidade, não pela obsessão por crescimento. É nessa leveza que surgem ideias originais, aprendizados valiosos e, por vezes, oportunidades de carreira transformadoras.
É isso. 🍬
Obrigada por acompanhar esta edição.
Lembrando que se você não tem o hábito de ler em inglês, tudo bem.
Use o ChatGPT que é sucesso. 🧡
Um grande abraço,
🐦 @kakaufb